O Brasil, marcado por uma rica diversidade cultural e étnica, tem uma história complexa quando se trata de questões raciais. O racismo, enraizado desde os tempos coloniais, moldou profundamente a sociedade brasileira, em especial quanto ao estamento de classes. Nestas breves linhas, pretendo explorar superficialmente a trajetória histórica do racismo no país e a relevância do Mês da Consciência Negra.

De início, não há como fugir do binômio Colonização e Escravidão que perdurou mais de 300 em nosso país, período em que fomos explorados de todas as formas pela metrópole portuguesa. O sistema escravagista estabelecido à época trouxe milhões de africanos para trabalhar em condições subumanas em plantações, minas, trabalhos domésticos e até exploração sexual.

É evidente que a abolição da escravatura em 1888 foi um marco importante na história do Brasil, mas não significou o fim das disparidades raciais, até por que o Estado brasileiro optou por incentivar imigração de europeus e asiáticos para suprir a lacuna da força de trabalho deixada mão de obra escravizada.

A população negra, a partir de então “livre”, enfrentou (e ainda enfrenta) desafios enormes para se integrar plenamente na sociedade. A ausência de políticas de inclusão e reparação contribuiu (e ainda contribui) para a continuidade das desigualdades, e ao que tudo indica ainda teremos um longo caminho pela frente.

Com o advento das redes sociais, felizmente a desigualdade e práticas criminosas de racismos passaram ter mais notoriedade, e não se pode negar que esse fato positivo atenua o caminho na luta por igualdade, já que deixa o tema em evidencia.

Essa “evidencia” que me refiro é a principal arma contra o racismo, pois é ela que traz a consciência de que essa chaga que nos acomete há anos precisa um dia cessar. É essa evidencia que que é o combustível para os Movimentos Negros de Resistência que lutam incansavelmente por igualdade e pelo fim do racismo, e é essa evidencia que nos motivou a lutar pela realização da primeira corrida e caminhada da OAB pela igualdade racial em São Bernardo do Campo em novembro de 2023.

Não podemos negar que a luta por direitos civis e a promoção da consciência negra ganharam força ao longo das últimas décadas, e destaco aqui a importância da resistência e da afirmação da identidade afro-brasileira. Apesar dos avanços, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos em relação ao racismo, a saber: disparidades socioeconômicas, representatividade limitada e violência policial contra a população negra são questões urgentes que exigem atenção e ação efetiva.

Neste sentido, entendo que a educação desempenha um papel vital na superação do racismo, especialmente por que pode incluir uma perspectiva antirracista na formação intelectual do cidadão nos bancos escolares desde a mais tenra infância. Só assim poderemos promover a diversidade contribui para uma sociedade mais justa e consciente.

Concluindo, a história do racismo no Brasil é complexa e multifacetada, mas o Mês da Consciência Negra representa uma oportunidade de reflexão e ação. Reconhecer as contribuições da população negra, enfrentar as desigualdades sistêmicas e promover a inclusão são passos cruciais para construir um Brasil verdadeiramente igualitário e diverso. Ao entender e enfrentar o passado, podemos construir um futuro mais justo para todos os brasileiros.

 

Alisson Silva Garcia