Ricardo Lewandowski falou com a mãe de uma das vítimas nesta sexta (15). Júri do ex-deputado estava marcado para os dias 21 e 22 de janeiro. O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Ricardo Lewandowski, afirmou nesta sexta-feira (15) que a decisão de suspender o júri popular do ex-deputado Luiz Fernando Ribas Carli Filho foi tomada para evitar a anulação do processo após o julgamento. O júri estava marcado para os dias 21 e 22 de janeiro. O ex-deputado é acusado de matar dois jovens em um acidente de trânsito, em 2009, em Curitiba. A decisão foi proferida por Lewandowski na quarta-feira (13), atendendo a pedido da defesa de Carli Filho. A alegação é de que resta pendente no Superior Tribunal de Justiça (STJ) um recurso contra a sentença de pronúncia do júri popular do ex-deputado que ainda não foi apreciado por conta de um pedido de vistas.Enquanto esse recurso não for julgado, o Tribunal do Júri não pode se realizar. Se por ventura ele se realizasse, a defesa poderia arguir alguma nulidade”, afirmou o ministro em Curitiba, onde participou de um evento do Tribunal de Justiça do Paraná. Lewandowski disse que teve um encontro com a mãe de uma das vítimas do acidente, a deputada federal Cristiane Yared (PTN-PR).“Eu expliquei para a deputada que na verdade a decisão do Supremo Tribunal Federal foi no sentido de sanear o processo”, argumentou. Júri suspenso A defesa de Carli Filho acionou o STF alegando que é preciso esperar o julgamento do recurso apresentado ao STJ antes que o julgamento se realize. Isso porque um dos pedidos feitos no recurso é para que se discuta a desclassificação da acusação de homicídio qualificado, transformando a em homicídio culposo na direção de veículo. Na prática, se o pedido for atendido Carli Filho deixa de ser julgado por júri popular, pois seria considerado que não houve intenção de matar. Atualmente, é acusado de duplo homicídio doloso, já que a conduta dele indica que ele assumiu o risco de provocar o acidente. O pedido de vista foi feito pelo ministro Rogério Schietti Cruz, do STJ, na sessão do dia 15 de dezembro. Assim, o recurso da defesa do ex-deputado só deve voltar a ser analisado após o retorno do recesso do Judiciário. Após a decisão, caso seja mantida a acusação de homicídio doloso, o júri popular poderá ser remarcado. A estimativa de Cristiane Yared é de que o julgamento ocorre em até três meses. “Novamente não vamos desistir, porque essa é uma causa de todos nós. Não há só uma família envolvida nisso. É uma família brasileira, é o Brasil. É a questão da leitura que fica, o que fica para esses jovens que ainda acreditam que podem beber e dirigir”, afirmou a deputada. [caption id="attachment_4596" align="alignnone" width="300"]Carli Filho Carli Filho é acusado de matar dois jovens em acidente de trânsito[/caption] O acidente Em 7 de maio de 2009, o carro blindado que Carli Filho dirigia decolou em um trecho da Avenida Monsenhor Ivo Zanlorenzi, no bairro Mossunguê, atingindo o veículo das vítimas, que entrava na mesma avenida fazendo uma conversão à esquerda. Gilmar Yared, de 26 anos, e Carlos Murilo de Almeida, de 20, morreram na hora. Segundo as investigações, Carli Filho dirigia em alta velocidade – 163 km/h – e estava com a carteira de habilitação cassada. O ex-deputado estadual tinha 130 pontos na carteira e 30 multas, sendo 23 delas por excesso de velocidade. O inquérito policial apontou também que Carli Filho havia ingerido quantidade de álcool quatro vezes acima da tolerada à época. O acidente comoveu o Paraná e o país, além de levantar um grande debate sobre a impunidade em crimes de trânsito. A mãe de Gilmar, Christiane Yared, iniciou uma campanha que mobilizou milhares de pessoas: a maioria, mães e pais de outras vítimas de acidentes provocados por motoristas imprudentes. Em 2014, ela foi eleita por mais de 200 mil eleitores como a deputada federal mais votada no Paraná. Fonte: http://g1.globo.com/pr/parana/noticia/2016/01/presidente-do-stf-diz-que-suspendeu-juri-de-carli-filho-para-evitar-anulacao.html  ]]>