Agentes são suspeitos de envolvimento na morte de 23 pessoas em Osasco, Barueri e Carapicuíba Por: Amanda Gomes amanda.gomes@diariosp.com.br   Quatro dias antes de completar dois meses da maior chacina de 2015 no estado de São Paulo, quando 19 pessoas foram  assassinadas em Osasco e Barueri,  uma grande operação da Polícia Civil e da Corregedoria da Polícia Militar prendeu, ontem, sete pessoas envolvidas diretamente nos crimes. Cinco são policiais militares e um,  guarda-civil metropolitano. A polícia já tinha detido, em agosto,  o PM Fabrício Emmanuel Eleutério, 30, também suspeito do crime. Na operação,  outros três PMs   foram levados para o Presídio Militar Romão Gomes pela chacina que deixou quatro mortos em Carapicuíba, no dia 19 de setembro. Todos tiveram a prisão temporária decretada por 30 dias por alterarem a cena do crime. Mais dois PMs foram detidos em flagrante por porte ilegal de arma, totalizando 11 agentes presos na operação especial deflagrada no início da madrugada de ontem. Após quase 60 dias de investigação, a Secretaria de Segurança Pública disse que a chacina ocorrida em 8 de agosto, em Itapevi, na Grande São Paulo, e em outros três locais em Osasco, no mesmo dia, têm sim relação com o massacre do dia 13, como mostrou o DIÁRIO no dia 19 de agosto. Com isso, o número de vítimas subiu para 23 mortos, além das sete tentativas de homicídio. O motivo dos assassinatos, de acordo com as investigações, foi vingança. Os policiais  criaram um grupo de extermínio para fazer justiça com as próprias mãos, em especial a morte de outros PMs.  Os 23  homicídios teriam sido uma resposta desse grupo  aos latrocínios do cabo da Polícia Militar Avenilson Pereira de Oliveira, de 42 anos, em um posto de gasolina de Osasco, e do guarda­civil Jefferson Rodrigues da Silva, de 40 anos, em Barueri. BATALHÃO DE GUERRA A força­tarefa cumpriu seis mandados de prisão e 28 de busca e apreensão em 36 lugares da Grande São Paulo. Os mandados foram expedidos pela Justiça Criminal de Osasco e pela Justiça Militar. No total, 457 policiais participaram da operação, sendo 201 policiais civis do DHPP (Departamento de Homicídio e Proteção à Pessoa) e Demacro (Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo) e 256  militares da Corregedoria. O objetivo desse contingente fora do comum para prender dez pessoas, segundo o secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes, foi garantir a realização simultânea dos mandados judiciais e, assim, não dar tempo para a quadrilha se comunicar e avisar sobre as detenções. Ainda segundo Moraes, todos os presos, ouvidos antes em depoimentos, mentiram, principalmente onde estavam no dia e horário dos crimes. A farsa foi revelada porque a polícia conseguiu   monitorar o sinal dos celulares dos investigados. Outros integrantes do bando, que era  dividido em quatro células, continuam sendo procurados. “Nós já  identificamos, mas  precisamos de mais provas para pedir novas prisões. Nada em um caso como esse pode ser feito com pressa. Tudo tem de ser feito com rigor e é isso que estamos fazendo”, afirmou. PARENTES TINHAM ALERTADO SOBRE CRIMES ANTERIORES Os familiares de seis pessoas mortas uma semana antes do massacre de Osasco e Barueri, no dia 13, e o ouvidor  das polícias, Júlio César Fernandes, afirmaram que os casos tinham relação com os demais assassinatos,  investigados pela força-tarefa. Entretanto, o próprio secretário de Segurança Pública, Alexandre de Moraes,  disse,  mais de uma vez à época, que não havia indícios de relação entre os fatos. O DIÁRIO mostrou o drama das famílias no dia 19 de outubro. Naquela data, Moraes refutou a ligação feita pela reportagem. Ontem, a versão mudou após as investigações mostrarem que em dois  dos seis locais onde ocorreram as mortes (Rua Sporte Clube Corinthians, com uma vítima fatal, e Rua Jacinto José de Souza, com um morto e outro ferido), em Osasco, no dia 8, horas depois do assassinato do PM Avenílson,   foram utilizadas as mesmas armas. Esse sobrevivente, um ajudante de 22 anos,  escreveu uma carta para sua mãe e disse que os suspeitos chegaram em um carro e, armados,   mandaram ele e seu primo colocarem as mãos na cabeça. Depois de perguntar quem tinha passagem pela polícia, atiraram contra os dois. “São homicídios em escala, em horários próximos e com ferimento a bala como na chacina”, disse o ouvidor para o DIÁRIO após a descoberta dos crimes. A investigação também apontou uma outra chacina que aconteceu no dia 8, com três mortos, em Itapevi. A apuração  indicou que uma pessoa morta na Rua Alvora, em Carapicuíba,  tem relação com as mortes de Osasco e Barueri. Já um assassinato que aconteceu na rua Eurico da Cruz e outro na Rua Cuiabá, em Osasco, não têm relação com os massacres, disse a polícia. POLÍCIA NÃO SABE NÚMERO EXATO DE ASSASSINOS Corregedoria da Polícia Militar admite que os presos, ontem, podem ser só parte da quadrilha de agentes de segurança que matavam O corregedor da Polícia Militar, coronel Levy Anastácio Félix, disse ontem  “não ter ideia” de quantas pessoas podem integrar a quadrilha de justiceiros que atuou em cidades da Grande São Paulo nos últimos dois meses. Ele admitiu que outros policiais militares podem ter escapado das investigações por não terem sido notados por testemunhas  nos dias do crimes do dia 8 e 13 de agosto ou porque a força-tarefa ainda não encontrou indícios que os liguem aos assassinatos. Os agentes presos são do 42  e  do 20  Batalhão da PM de Osasco. Já o GCM é  supervisor na guarda de Barueri. Três dos detidos eram companheiros do policial militar Avenílson Pereira de Oliveira, por isso teriam um motivo a mais para matar, na visão deles. Segundo o delegado Luiz Fernando Teixeira, titular da delegacia de chacinas do DHPP, o confronto balístico nas cápsulas encontradas nos corpos e nos locais do crime  foi fundamental para justificar  as prisões de ontem – e manter os acusados detidos até a conclusão das investigações.     De acordo com ele, em cinco locais onde ocorreram as chacinas  foram usados um Peugeot prata,  três, um Sandero e em outros três,  um Honda Civic. O Sandero serviu de meio de transporte nos dois locais com mortes em Barueri e em Itapevi, no dia 8 de agosto. “Nesses quase dois meses de investigação,  aos poucos fomos colhendo alguns indícios, provas e  ouvimos testemunhas para poder chegar nesse resultado parcial”, afirmou Teixeira. FONTE: site Diário de São Paulo, disponível em: http://www.diariosp.com.br/noticia/detalhe/86918/dez-pms-e-um-guarda-sao-presos-por-chacinas-em-sp  ]]>