Dilma Rousseff afirmou em entrevista coletiva para jornalistas estrangeiros que decisão do Senado para não cassar seus direitos políticos sinaliza que ela, realmente, não é culpada pelos crimes julgados no impeachment. “O segundo voto é o voto daqueles que não consideram que, de fato, cabia uma punição. Você tem um impeachment sem crime de responsabilidade, afasta uma pessoa inocente do cargo e além disso tira seus direitos políticos por oito anos?”, disse.  “É estranhíssima essa dupla votação. Vota uma vez de um jeito, vota outra vez de outro jeito. É estranho. Nem sempre a estrada dos votos é de ferro. É muito tortuosa”. Sobre a possibilidade do deputado afastado Eduardo Cunha se valer da decisão para se livrar a inelegibilidade em caso de cassação, Dilma foi enfática: “Não mesmo. Essa não”. A princípio, o Senado faria apenas uma votação para determinar o impeachment e a inabilitação de Dilma Rousseff, conforme previsto na Constituição. No entanto, aliados da petista no Congresso entraram com um pedido para fatiar a votação em duas — algo que foi acatado pelo presidente do STF, Ricardo Lewandowski, que presidiu o julgamento. No total, 42 senadores votaram pela inabilitação política da ex-presidente – eram necessários 54 votos para cassar os direitos políticos dela. Golpe A ex-presidente citou as gravações de conversas entre o senador Romero Jucá (PMDB) e o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. No áudio, o ex-ministro de Temer aparece dizendo que para estancar a sangria da Operação Lava Jato seria necessário tirar a presidente do poder. “Esse processo consiste em duas coisas. A primeira, está registrada na gravação feita pelo ex-senador do PMDB Sérgio Machado e do senador Romero Jucá: ou tira ela ou a investigação continua. Segundo, eu fui eleita por 54 milhões de votos. O outro projeto não teve os votos necessários para que fosse executado”, afirmou. Repressão A ex-presidente criticou as ações de repressão da Polícia Militar contra protestos em várias cidades do país. Segundo ela, quem viveu a ditadura militar não pode compactuar com o argumento de que violência policial se justifica diante das ações de manifestantes. “A força do Estado é muito maior do que a força das pessoas. O Estado não pode fazer isso, principalmente, porque vivemos numa democracia. Quando se faz isso, se abre brechas …Assim começam as ditaduras. O que eu puder fazer para que isso não ocorra no meu país, eu farei”, diz. “Prefiro a voz surda das ruas do que o som dos cárceres das ditaduras”.   Janaina Paschoal A presidente foi questionada sobre discurso da advogada da acusação, Janaina Paschoal, que afirmou que estaria advogando pelo impeachment em prol dos netos de Dilma Rousseff. ““Vocês assistiram o comportamento da doutora, que é de uma pessoa cujas convicções não se parecem com as minhas nem do ponto de vista político, cultural ou humano. Não respeito uma pessoa capaz de falar o que falou. Para os meus netos, eu quero um Brasil cheio de oportunidades e não será por causa da doutora Janaina”, afirmou a ex-presidente. FONTE: site Exame, disponível em:  http://exame.abril.com.br/brasil/noticias/decisao-sobre-direitos-prova-que-nao-houve-crime-diz-dilma]]>