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Prioridade para o governo interino de Michel Temer e incógnita para os brasileiros, a reforma previdenciária vai arrebentar, segundo especialistas, do lado mais fraco da corda. Ou seja, do trabalhador que contribui com o INSS. Militares, servidores públicos, parlamentares e o judiciário não deverão sofrer impacto. E é aí que está o problema.  Enquanto o déficit do Regime Geral da Previdência Social (RGPS), que reúne os milhões de contribuintes do INSS, foi de R$ 88,6 bilhões em 2015, os regimes próprios da União, estados, municípios e militares federais, muito mais restritos, causaram um rombo de R$ 126 bilhões ao Tesouro.  E há um agravante. Quem contribui com o INSS, onde todos pagam, injetou R$ 5,1 bilhões nos cofres públicos no ano passado, enquanto nos regimes próprios nem todos pagam, ou pagam menos que os trabalhadores comuns.  No regime geral, o buraco é consequência do que é pago aos trabalhadores rurais. Afinal, eles recebem os benefícios, mas não colocam dinheiro no programa, mas por uma questão de justiça social. Em 2015, o homem do campo respondeu por um rombo de R$ 91 bilhões no programa. “Sem o benefício, certamente haveria um êxodo rural desordenado e um empobrecimento muito forte da população rural”, afirma o presidente do Instituto de Estudos Previdenciários, Roberto de Carvalho. Segundo o especialista, no entanto, é necessária uma reestruturação do programa para fazer com que o homem do campo passe a contribuir com a previdência, mesmo que de forma tímida. “Para isso, é preciso entender a dinâmica da aposentadoria. Tem que entender a importância de contribuir, nem que o pagamento comece em 15 anos”, pondera.  Privilégio No entanto, mais importante do que rever a forma como o homem do campo é inserido na previdência, é imprescindível alterar o regime próprio dos militares, destaca Carvalho. Somente em 2015, as Forças Armadas foram responsáveis por um desfalque de R$ 32,5 bilhões aos cofres públicos. O problema, conforme o presidente do Ieprev, é que as Forças Armadas não contribuem para a previdência.  “Ninguém mexe nos benefícios dos militares. Por quê? O funcionalismo público foi alterado, o regime próprio dos políticos e do judiciário mudou, o regime geral, que afeta os trabalhadores, é sempre o primeiro a mudar. Mas o dos militares não muda”, critica.  Ele destaca que a única mudança realizada na previdência das Forças Armadas diz respeito ao pagamento complementar de 1,5% do salário para que as filhas dos militares tenham direito a receber a pensão completa do servidor, caso ele venha a falecer. “E quem arca com isso é o Tesouro. É o trabalhador, que contribui com o INSS. É um absurdo”, afirma.  Senadores e deputados garantem privilégios na aposentadoria A reforma da previdência é uma caixa preta. O que se sabe até agora é que deve ser implantada uma idade mínima para a aposentadoria. Provavelmente, próxima da casa dos 65 anos. A proposta é encabeçada pelo Ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, que se aposentou aos 53 anos na Câmara dos Deputados, de onde recebe R$ 19.389,60 por mês. Michel Temer, presidente em exercício, aposentou aos 55 anos como procurador do Estado de São Paulo e recebe R$ 30.613,24 de benefício.  Segundo o Ministério do Trabalho e da Previdência Social (MTPS), a expectativa de vida do brasileiro está aumentando. Em contrapartida, o número de filhos por casal tem diminuído drasticamente. Como consequência, a pirâmide etária do país tem se invertido, motivo pelo qual seria necessário ampliar a idade mínima. Afinal, a previsão é a de que no futuro haja mais pessoas aposentadas do que no mercado de trabalho, tornando o modelo da previdência insustentável.  “O real problema é que o contribuinte do INSS tem rigorosamente o imposto descontado na folha de pagamento, enquanto políticos, por exemplo, não contribuiam há até pouco tempo”, ressalta.  Até 1999, os parlamentares aposentavam pelo Instituto de Previdência dos Congressistas (IPC). Entre os benefícios do plano estava o direito de deixar o mercado de trabalho após 8 anos de mandato e um mínimo de 50 anos de idade. Neste modelo, o Senado pagou, em junho deste ano, 52 aposentadorias de senadores. Outros 19 recebem pelo atual modelo, o Plano de Seguridade Social dos Congressistas (PSSC), que exige idade de 65 anos e contribuição de 30 para aposentadoria em qualquer regime. O salário, porém, é pago de acordo com o recebido como parlamentar. Para cada ano de mandato, o congressista recebe 1/35 do que recebia quando Senador. A casa não informa o balanço de 2015, mas o presidente do Ieprev garante que há déficit. “E o dinheiro sai do Tesouro”, critica. As mesmas regras valem para os deputados federais. Em 2015, a Câmara pagou R$ 19,7 milhões a beneficiários do Plano de Seguridade Social dos Congressistas, sendo R$ 15,7 milhões aos aposentados e R$ R$ 4 milhões aos pensionistas (viúvas e filhos menores).  Já os aposentados e pensionistas do IPC custaram aos cofres públicos R$ 116 milhões em 2015. As contribuições não foram informadas pela Casa. Portanto, não é possível saber o balanço.  “O déficit do regime próprio é de R$ 126 bilhões, e o do regime geral, de R$ 88 bilhões. Mas vão mexer no Regime Geral” Roberto de Carvalho Presidente do Ieprev]]>

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